O dia em que a Rockstar Games foi acusada de Racismo pela comunidade Haitiana
Rockstar Games acabou cedendo e fez mudanças no jogo
Em 2003, membros da comunidade haitiana nos Estados Unidos organizaram protestos na Prefeitura de Nova York contra o jogo Grand Theft Auto: Vice City, alegando que o título promove violência e preconceito contra haitianos. Os manifestantes acusaram o jogo de tratar o extermínio de haitianos como uma forma de entretenimento.
A polêmica ganhou força após uma reportagem do programa "Shame On You", da emissora americana CBS. A matéria acusava o jogo de conter uma "virada racista" e criticava a Rockstar Games e seu presidente, Sam Houser, por "lucrar com o racismo e a violência". Um trecho específico do diálogo do jogo foi apontado como problemático, onde o personagem declara: *"Eu odeio esses haitianos. Vamos acabar com eles."*
Impacto e Reações
O diretor do Conselho Haitiano, Dr. Henry Frank, declarou: *"Quando você retrata os haitianos como nada, como se fossem bestas, isso ataca nossa autoestima e respeito. Alguma mente desequilibrada pode tentar replicar o que viu no jogo."* Além disso, um jogador entrevistado pela CBS afirmou que é necessário "ter uma mente forte para jogar e não querer sair matando pessoas", reforçando as preocupações.
A situação escalou com a publicação de uma declaração oficial do Conselho Haitiano e da organização Haitianos Americanos pelos Direitos Humanos, que classificaram o jogo como um "ataque cultural" aos milhões de haitianos que vivem nos EUA. Também foram prometidas ações legais contra a Rockstar Games.

Fatos Ignorados na Controvérsia
Embora o grupo chamado "haitianos" no jogo seja, na verdade, uma gangue de traficantes de drogas rival — e não uma representação genérica de todo o povo haitiano —, essa distinção foi amplamente ignorada. A cobertura midiática americana, especialmente por veículos conservadores, usou o episódio para alimentar o debate moral sobre videogames.
A Rockstar já enfrentava críticas por causa de outro caso polêmico: semanas antes, dois adolescentes, após matarem um motorista em uma rodovia, alegaram ter sido influenciados por cenas do jogo. Isso resultou em um processo de US$ 100 milhões contra a publicadora Take-Two Interactive.
A controvérsia sobre GTA: Vice City destacou como os jogos podem se tornar alvos de debates culturais e jurídicos, especialmente quando questões de violência e representações étnicas estão em jogo. A situação também levantou discussões sobre o impacto da mídia e a responsabilidade dos criadores de conteúdo. Enquanto isso, a Rockstar continua a lidar com as reações polarizadas que seus jogos provocam no público e na crítica.